Olhares do Cotidiano

17 de janeiro de 2006

O HOMEM PEREGRINO

O Homem Peregrino......

«CONHECE-TE A TI MESMO »


Eis aí a grande aventura humana, e nem poderia ser de outra forma; quanto mais o homem conhece a realidade e o mundo tanto mais adquire autoconsciência pessoal. A recomendação que estava esculpida nos umbrais do templo de Delfos, “Conhece-te a ti mesmo” não perdeu em nada seu vigor e urgência.

“Quem sou eu?”, “De onde viemos e para onde vamos?”, “Porque existe o mal?”, “Existirá vida após morte?”, estas perguntas encontram-se escritas nos anais de todas as civilizações. Nada mais cotidiano......

Encontramos diversas respostas à essas perguntas e formulamos diversas filosofias que orientaram tanto o Ocidente quanto o Oriente nas busca destes questionamentos.

Estas perguntas encontram-se nos escritos sagrados de Israel, mas aparecem também nos Vedas e no Avestá; achamo-lás tanto nos escritos de Confúcio e Lao-Tze, como na pregação de Tirtankarae de Buda; e assomam ainda quer nos poemas de Homero e nas tragédias de Eurípides e Sófocles, quer nos tratados filosóficos de Platão e Aristóteles. São questões que têm a sua fonte comum naquela exigência de sentido que, desde sempre, urge no coração do homem: da resposta a tais perguntas depende efetivamente a orientação que se imprime à existência.

Assim todos nós conscientes ou não tomamos parte dessa linda parte da história da humanidade: A BUSCA DA VERDADE........

Queiramos ou não somos todos de uma forma ou outra Sacerdotes da Verdade, ainda que não saibamos disso..... Essa é a parte trágica desta estória, como não poderia faltar em toda boa estória: o seu lado trágico!!!

Ciente, todavia de que cada verdade alcançada é apenas mais uma etapa rumo àquela verdade plena!!!

“Os conhecimentos fundamentais nascem da maravilha que nele suscita a contemplação da criação: o ser humano enche-se de encanto ao descobrir-se incluído no mundo e relacionado com outros seres semelhantes, com quem partilha o destino. Parte daqui o caminho que o levará, depois, à descoberta de horizontes de conhecimentos sempre novos. Sem tal assombro, o homem tornar-se-ia repetitivo e, pouco a pouco, incapaz de uma existência verdadeiramente pessoal.”

Não pretendo aqui escrever-lhes hoje um tratado de filosofia, quero somente propor um breve questionamento....

É nesse meu cotidiano vivido nas suas formas mais simples e corriqueiras que o deslumbramento deve ocorrer, é nessa minha encarnação, (aqui a palavra encarnação não tem traços de religiosidade, simplesmente quer dizer que sou um ser encarnado, i.e., vivo num corpo, e só.), é nessa minha exigência ontológica que pretendo satisfazer e responder a minha vida vivida no simples cotidiano...

Ótimo!!! Até aqui tudo bem?

Eis aqui o questionamento de hoje meus companheiros de peregrinação....

Eu que pergunto pela existência, por exemplo, “quem sou...?” , respondo de qual maneira?

Naturalmente começaríamos a predicar essa pergunta: “João é pai”, “João e trabalhador de tal coisa”, “João e filho de tal pessoa...”, assim por diante.

Tais predicações respondem quem João é?

Sim e Não!

Quando coisifico “João”, obtenho essas respostas todas muito coerentes no mundo da técnica; num mundo com uma orientação puramente funcional; mas nem passei perto da pergunta em seu sentido mais profundo e ontológico. Eu posso “olhar” para João de forma dissociada de fato; mas não respondo a pergunta de maneira fundamental. Aqui negamos o caráter trágico e transcendente do mundo pessoal.
Coisificar é responder a essa pergunta de maneira puramente funcional, como se “João” fosse uma máquina (uma coisa entre outras coisas).

Na esfera ontológica (do ser enquanto ser) que é o que nos interessa no momento não posso fazer isso!!!

O que nos define de fato são nossas EXIGÊNCIAS ONTOLÓGICAS!!!!

O que vem a ser isso?
Exigência ontológica, é uma necessidade e uma demanda para algum nível de coerência no cosmo e um pouco de compreensão de nosso lugar e papel dentro desta coerência. É a combinação de maravilha e desejo; não de entender o cosmo inteiro, mas entender algo do próprio lugar de nossa pessoa nisto. Não um desejo qualquer, mas um desejo por coerência, um “desejo interior” que não é redutível a algum estado psicológico, humor, ou atitude que uma pessoa tem.
Agora procure responder quem João é?
Talvez ele não saiba responder a tal pergunta quando colocada desta forma, e nós sabemos....? rss
O mundo em que vivemos com essa mentalidade de possuir e ter, é o mesmo que abafa em nós essa exigência ontológica. Mas tal exigência nunca se satisfaz pelo mundo da técnica e o mundo do ter...
Aquele que pergunta pelo Ser, já É...
Aquele que espera, já é Esperança....
Aquele que pergunta pela vida, é Vida...

Hoje fico por aqui.....
Muita Paz e Saúde para todos.....

 View My Public Stats on MyBlogLog.com

Google Groups Participe do grupo Olhares do Cotidiano
E-mail:
Pesquisar o arquivo do grupo groups.google.com.br