Olhares do Cotidiano

2 de fevereiro de 2006

Sementes da Desilusão.



Baruch Spinoza tinha uma frase muito pertinente ao nosso tema:" Ponderava, portanto, interiormente se não seria possível chegar ao novo modo de vida, ou pelo menos à certeza a seu respeito, sem mudar a ordem e a conduta comum de minha existência, o que tentei muitas vezes,mas em vão. Com efeito, as coisas que ocorrem mais na vida e são tidas pelos homens como o supremo bem se resume, ao que se pode depreender de suas obras, nestas três: as riquezas, as honras e a concupiscência. Por elas a mente se vê tão distraída que de modo algum poderá pensar em qualquer outro bem."
(Tratado da Correção do Intelecto).


- Minha filha vá estudar para ser alguém na vida!!!
Quantas e quantas vezes nós já não nos deparamos com situações semelhantes a essa, a frase em si mesma está correta não? O que estaria errado então?

O conceito está errado!!!

Educação é um ato de criação, de extração das potencialidades das mais diversas gamas do horizonte do humano. É isso o que vemos hoje? Certamente que não; estamos diante de um verdadeiro massacre, que em nosso país vem se agravando com muita rapidez. Doutrinamos e destilamos a inveja, amestramos e não educamos, lógico com as raras exceções; apontamos como único caminho o que Spinoza acima chamava de supremo bem. O que poderíamos esperar me diga?

Com relação a frase é bom relembrar: - Nós já Somos!!! Desde nossa concepção já somos!!!

Desenvolvemos um sistema educacional e organizacional de nossa sociedade que é um verdadeiro semeador de dilusões. Milhões e milhões de crianças e jovens são inseridos nesse triturador de almas, devido a uma lógica perversa, serão milhões e milhões de adultos deprimidos e frustrados com o horizonte que lhes foi oferecido desde a infância.

Antes de degradarmos o meio em que vivemos, degradamos aquilo que somos, é só um reflexo!!! E para que? Esse é o mais triste dessa história. Porque não questionamos, não desenvolvemos em nossa sociedade aquele espírito crítico tão necessário e salutar para o nossa evolução nesse planeta. Não se trata aqui de apontar os responsáveis por esse trajetória maquiavélica, esses tolos também são vitímas do mesmo processo.

Existe uma palavra grega que se aplica aqui com precisão: Metanóia, que significa conversão, mudança de rumo! No sentido clássico da palavra, mudar de rumo está se tornando rapidamente nossa única e última opção, para que possamos recuperar, e isso estou certo, nosso destino grandioso; que ultrapassa em muito essa orientação mesquinha e insana. Estamos esfolando nosso habitat, massacrando bilhões de espíritos em torno de uma meta que é a mais sagaz das ilusões!

Se nós mudarmos nossa maneira de pensar certamente mudaremos nossa ação em nosso mundo, e em nossas relações com os outros. Mas como sempre isso envolve muito esforço e dedicação, o importante é que começemos a nossa Metanóia pessoal.

Paz e Saúde a todos....

1 Comments:

At seg. fev. 13, 12:23:00 AM AMT, Anonymous Anônimo said...

Olá, profe.
Escola: Sementes da desilusão?
“Minha filha vá estudar....”
Concordo com o pensamento do profe, essa filha (o), está exposta a cruéis formas de violência, portanto, com pouca chance de vida. Ou vida digna.
Os espancamentos sofridos em casa, desde a tenra infância, continuam quando algumas mulheres, ainda apanham de seus companheiros. Numa demonstração de força, os homens batem nos mais fracos. Bater é prova de ser mais forte.
A população pode encontrar, na Educação, meios menos violentos de aprendizagem?
Crianças precisam de limites. Ok. Mas, bater, abandonar, matar criança é o que? Um abuso? Um sinal de que?
Concordamos que as crianças precisam de limites; todavia, os adultos também. Um adulto que perde as “estribeiras” coloca em risco quem está ao redor. As crianças precisam ser protegidas dele. Quem vai protegê-las? Como parar com essa violência? Criança espancada crescerá e será um adulto espancador (?).
Vivemos uma crise mundial de educação e da mesma forma, vivemos uma situação alarmante de analfabetismo funcional, as estatísticas apontam que 75% dos brasileiros seriam considerados analfabetos funcionais.
”Olhando” e lendo o que aconteceu, nos últimos anos, é hora de re-pensar as opções que foram seguidas e ver o que é possível e necessário que permaneça e o que não é: desde a guerra contra o ensino tradicional até propostas
construtivistas, algumas vezes mal aplicadas. Infelizmente já convivemos com colegas no ensino superior, que não conseguiam ler e interpretar um texto simples e, para complicar, não conseguem desenvolver uma reflexão e muito menos escrever um texto (claro que muitos de nós apresentam tais dificuldades, todavia, lutamos e buscamos a superação) .
Educação é uma preocupação que “deveria” ir além do fazer dos educadores, sendo por que não, uma preocupação para toda sociedade; a escola vem sendo a cada dia, menos priorizada pelos governantes nas diferentes esferas administrativas e, em decorrência deste descaso, com esta realidade reduz-se a auto estima do professor e do servidor da educação, com redução real dos seus ganhos e do prestígio social (foi-se o tempo em que o professor,como disse o Rael: era “O CARA”)
Cabe a sociedade, em todos os seus segmentos, juntar-se aos educadores para resgatar a escola ou, melhor diria "construir uma escola" diferente da que temos, onde a ação educativa esteja voltada para o desenvolvimento de competências a habilidades, onde o professor deixe de "dar aulas", sendo no seu fazer, alguém que ajude ao educando a aprender e com ele aprenda, para melhor fazer, para tanto, carecem os professores de formação continuada para já, pois saíram das universidades, sem adquirirem estas competências, até porque, as Universidades, não somente no campo da formação dos professores, mais particularmente neste, estão distanciadas da realidade a enfrentar os egressos delas.
Disse o profe: “...estamos diante de um verdadeiro massacre, que em nosso país vem se agravando com muita rapidez. Doutrinamos e destilamos a inveja, amestramos e não educamos......Milhões e milhões de crianças e jovens são inseridos nesse triturador de almas, devido a uma lógica perversa, serão milhões e milhões de adultos deprimidos e frustrados com o horizonte que lhes foi oferecido desde a infância”. Na escola também acontecem violências; a violência no ambiente escolar, normalmente, não é explícita, não se vê o constrangimento físico ou uso da força nas dependências da escola. No cotidiano escolar ela aparece de forma dissimulada quando percebemos que escola exclui ao invés de incluir; sempre desconfiam das potencialidades dos alunos; usam do conhecimento ou da posição hierárquica para humilhar. Não estão preparados para a tarefa de educar.
Recentemente, Ziraldo, numa palestra em Salvador, falou a respeito de educação. Salvaguardando o talento dele, ele não tem formação pedagógica. Impossível não pensar que nossa Educação deixa a desejar por que, em alguns lugares do Brasil, nossos Secretários de Educação não são professores. O que vemos?Pessoas alheias à educação mudando, ou desviando, os rumos da educação brasileira. O historiador Capistrano de Abreu dizia que a nossa Constituição Federal deveria se resumir em apenas dois artigos
"Artigo 1º: Todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara.
Artigo 2º: Revogam-se as disposições em contrário."
Como os bam-bam-bans educacionais tratam da escola se os filhos deles nem freqüentam a escola pública? Que podem saber das agruras pelas quais passam os outros mortais? Acredito que se eles tivessem filhos na “pública”, muitos problemas de nossa Educação estariam resolvidos.
E quando o profe diz que é preciso mudar de mentalidade – metanóia – é evidente que é preciso isso para se entender as profundas mudanças que a aprendizagem exige.
Abraço.

 

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